Não pretendo dar lições a ninguém e muito menos estar com falsos moralismos ou mesmo julgar, mas tenho que partilhar a minha experiência das últimas quartas-feiras à noite.
Depois de a casa se encontrar devidamente silenciosa, sento-me à frente da televisão à espera da Série do Canal 2 que tem inicio pelas 22h45. A série retrata um criminoso, um serial killer, um homem que é viciado em matar, tem prazer nisso e incrível, fá-lo nas barbas das autoridades, uma vez que ele próprio trabalha numa unidade de investigação de homicídios. Para quem ainda não percebeu falo de Dexter. Tenho que confessar que tenho uma relação cheia de contra-sensos com esta série.
Por um lado, admito que gosto de ver e a produção é boa, uma vez que mesmo sabendo o que vai acontecer, continuo colada ao ecrã. Por outro lado penso, como é possível haver uma série cujo herói é um assassino? Quando digo herói, quero dizer a figura principal, aquele por quem nós trocemos. A série mostra-nos o lado humano de um assassino, os seus sentimentos, dúvidas, receios, a sua vida familiar, profissional e o seu hobby matar e esquartejar pessoas. No último episódio alguém o apanhou, armou-lha uma cilada e ele iria arder num incêndio e lá estava eu a torcer para que ele encontrasse uma porta.
E dou por mim nisto, a ver uma série em que o bem se confunde com o mal, uma série que parece querer justificar os homicídios, como dizendo: afinal há uma boa razão por trás deste ser, que justifica a sua sede de matar. E não é por vingança, apenas por prazer. Partilho isto porque tenho receio da influência dos valores e ideias que a série possa ter nas pessoas. Não quero de todo censurar, como referi, eu sou espectadora atenta, mas assusta-me que as crianças e jovens achem que afinal quando forem grandes podem aspirar a ser assassinos.
Trata-se de uma questão sociológica e humana complexa, que honestamente me tem feito pensar. Mas o que me levou a escrever este post, foi o ter encontrado um banner a apelar à serie num website: Dexter – World´s Most killer Dad. Afinal os pais controlam a televisão que os filhos aparentemente vêem, e os banners?
Sofia Almeida
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